Facebook pode mudar regras para conteúdos danosos sobre covid-19
Olá! Esta é segunda edição da DERT. Para quem ainda não conhece a proposta, a ideia é trazer conteúdos sobre Desinformação, Rede Social e Tecnologia que eu leio por aí durante a semana, e claro dar um pitaco sobre o que isso significa, ou pode significar nos cenários que englobam essa temática.
Desta vez, escrevo sobre a decisão da Meta de fazer uma revisão de diretrizes de combate à desinformação sobre covid e de novidades do TikTok para pesquisadores ‘selecionados’ estudarem as ferramentas de moderação da plataforma. Outras histórias interessantes incluem leite em pó vendido no Facebook e como super-ricos enxergam a mídia na Finlândia. Boa leitura.
Conselho da Meta vai revisar regras de moderação de conteúdo falso sobre Covid
A Meta, empresa controladora do Facebook, pode promover mudanças em como lida com desinformação sobre covid-19 na rede social. Em artigo publicado no blog da companhia, o presidente de assuntos globais, Nick Clegg, declarou que a empresa deve acionar um conselho para discutir se continua a remover conteúdos sobre a pandemia com alegações potencialmente danosas fora das redes.
A plataforma já segue essa diretriz desde 2020. A ideia agora é submeter a orientação ao Conselho de Supervisão para analisar se no atual contexto da pandemia seria melhor adotar medidas mais brandas, como apenas a marcação de conteúdos falsos por agência de checagem ou restringir a distribuição dessas postagens.
(Imagem porBrett Jordan, no Unsplash)
Não é possível prever de imediato qual seria a posição do conselho, mas a revisão com certeza gera uma expectativa sobre impactos no combate na desinformação da plataforma e até sobre trabalho de checadores.
O jornalista Casey Newton, que escreve a newsletter Platformer (recomendo muitíssimo), pontuou na edição desta semana que a rede social emprega cerca de dois terços das recomendações feitas pelo conselho. A decisão também pode influenciar na pressão que outras redes sociais sofrem para lidar com conteúdos falsos sobre saúde.
Para justificar o movimento, Clegg cita que atualmente autoridades de saúde disponibilizam muito mais informações sobre a covid-19 na internet e que a própria empresa mantém um centro de informações sobre a doença. É um ponto que gera discussão, afinal uma estratégia comum de desinformadores é justamente atacar a credibilidade da Organização Mundial da Saúde, de agências sanitárias e da imprensa.
Ele também menciona que, em muitos países com taxas de vacinação avançadas, o cotidiano está cada vez mais perto do cenário pré-pandemia, mas reconhece que isso não se aplica a todos os lugares e que qualquer política da Meta deve considerar as diferentes circunstâncias da pandemia ao redor do globo. Melhor deixar a bomba pro conselho.
TikTok promete ampliar a transparência sobre moderação, mas só para pesquisadores ‘selecionados’
Já o TikTok anunciou que pretende fornecer mais informações sobre o seu sistema de moderação a ‘pesquisadores selecionados’, relata reportagem do The Verge. A novidade também veio a público em um blog post, escrito pela chefe de operações da plataforma Vanessa Pappas.
Entre as novidades anunciadas está um sistema que, segundo a empresa, vai permitir que pesquisadores avaliem de forma efetiva os sistemas de moderação do TikTok. Além disso, será possível fazer upload de conteúdos para estudar que tipos de materiais são aceitos e rejeitados na plataforma. A nota não explica como a empresa pretende selecionar os pesquisadores.
O aplicativo também deve conceder acesso a uma interface para aprimorar a coleta de dados públicos anônimos sobre a atividade na plataforma. As novidades devem ser implantadas até o fim do ano.
A rede social já vem trabalhando há algum tempo com agências de checagem de fatos na moderação de conteúdo. Em outubro de 2020, a empresa anunciou publicamente uma parceria com a AFP e o Lead Stories. No Brasil, a companhia escolheu o Estadão Verifica. Não há muitos detalhes de como o programa funciona ou mesmo se usuários poderiam contestar as verificações.
“Nossos parceiros de verificação de fatos ajudam a rever e avaliar a precisão do conteúdo em 55 mercados. Se for confirmado que o conteúdo é falso, nós o retiramos de nossa plataforma e notificamos o criador. Se os resultados da checagem de fatos forem inconclusivos, limitamos a distribuição do vídeo em qualquer feed For You”, diz uma nota informativa sobre os ‘Safety Partners’.
A companhia também lida com uma pressão da sociedade civil para aprimorar o combate à desinformação e ampliar a transparência de ‘regras da comunidade’, mas enfrenta um escrutínio especial, principalmente por parte de autoridades americanas, por ser propriedade da gigante chinesa ByteDance.
Outras histórias interessantes
Estudo de caso. O Politifact analisou a operação de grupos no Facebook que espalham desinformação sobre o conflito da Ucrânia. A estratégia é criar uma rede de grupos para divulgar vídeos muito rapidamente e superar a velocidade dos verificadores da plataforma. A agência de checagem suspeita que a atividade tem fins de monetização, mas não conseguiu confirmar esta hipótese. (Politifact)
Leite da Prefeitura à venda no Facebook. Reportagem do UOL mostra que sacos de leite em pó distribuído pela Prefeitura de SP a famílias de baixa renda são amplamente vendidos em grupos da rede social. Especialistas consultados pelo veículo se dividem ao avaliar se a prática configuraria crime (UOL).
Como os super-ricos veem a mídia. Pesquisadores entrevistaram 90 finlandeses presentes no grupo dos 5 mil mais ricos do país para entender a percepção deles sobre a mídia. Eles identificaram que a maioria dos entrevistados prefere evitar exposição e acredita que a lógica da mídia é sensacionalista, motivada por cliques e tendenciosa contra os super-ricos. Um estudo interessante a se replicar no Brasil. (NiemanLab)
(A)Política no TikTok. Uma pesquisa brasileira identificou que políticos que exploram conteúdos apolíticos na rede social costumam ter maior engajamento. O deputado estadual Tiririca desponta na liderança de interações na plataforma. É uma constatação interessante para as campanhas que pretendem explorar o app neste ano. (Estadão)
Facebook fecha torneira nos EUA. O site Axios apurou com fontes próximas ao assunto que o Facebook não deve dar continuidade à contratação de conteúdo jornalístico para a aba de notícias da rede social. De acordo com a matéria, a Meta chegou a investir mais de US$ 20 bilhões na parceria com o The New York Times (Axios)
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